Foram já várias as vezes que me esqueci de quantos Call of Duty foram lançados depois do reboot de Modern Warfare em 2019. Não foi por falta de interesse, nem por me ter esquecido de os jogar, é mesmo por me querer esquecer o quão desinteressantes eles foram.
Como jogo, eles tinham acertado em cheio não só no modo história como no multiplayer. Era uma experiência completa e recheada de bom conteúdo. Foi das poucas vezes, se não a única, em que realmente me senti genuinamente investido na história que me estavam a contar. Era algo mais do que apenas guerra, tiros e explosões. E quando me juntava a uma equipa para uns jogos online, sentia que me estava realmente a divertir, independentemente do resultado da partida. Um ano depois, e com alguma surpresa minha, a desilusão fez-se sentir com Black Ops Cold War e, logo de seguida, ainda mais com Vanguard.
É caso para dizer que tinha todas as minhas fichas em Modern Warfare 2, não só como o grande salvador desta saga, mas também por ansiar limpar o palato de tantas desilusões dentro do género (estou a olhar para ti, Battlefield 2042).
Águas passadas! Agora é altura de me voltar a reunir a Captain Price, Gaz e Laswell. A estes, juntam-se alguns nomes já conhecidos do passado, como Ghost e Soap, e umas quantas surpresas que vão agradar bastante a quem esperava ansiosamente por esta sequela.
Para quem não tenha jogado Modern Warfare, pouco vão perder se só agora se juntam à festa. Uma ou outra referência é capaz de passar ao lado, mas este segundo título traz apenas os personagens do jogo anterior. A história é nova e funciona bastante bem como elemento isolado de tudo o resto.
Desta vez, somos chamados à ação para pôr termo a atividade terrorista por parte das forças militares iranianas. Estas, financiadas pela Rússia, são alvo dos Estados Unidos por terem perdido o rumo após a morte do general Ghorbrani. Agora com uma posição livre, Hassan aproveita esta oportunidade e consegue ter em sua posse mísseis americanos, o que obriga a uma ação imediata, e sigilosa, por parte da CIA.
Obviamente que muitas reviravoltas vão acontecer, isto é apenas a ponta do iceberg, mas fiquei com a sensação que apesar da história ser isolada, muita da tensão que aqui se sente vem do investimento emocional que já depositamos nos personagens anteriormente. O risco é alto, tudo pode acontecer, mas o facto de ter gostado tanto da reinvenção das personagens em 2019, definitivamente ajudou a que tenha estado mais investido do que se tivesse apenas começado agora. A história em si não perde nada, existe é aquele extra que lhe dá uma outra força.
É que comparando com o anterior, havia um lado muito mais emocional e pessoal que guiava a história. Desta volta temos algo mais político e mordaz, mas que fica em falta num lado mais humano, daí ter mencionado a vantagem que é ter jogado este recomeço de Modern Warfare.
Mas não é só de memórias que se faz um jogo. É também preciso refrescar e tentar algo diferente. Apesar de existir uma fórmula que ainda é seguida, a nível de jogabilidade as coisas estão consideravelmente diferentes. Conseguimos sentir peso e impacto em todas as armas que usamos, houve algum carinho dado ao stealth e o ritmo de combate também abrandou, o que é algo bastante bem-vindo. Senti que nos dois últimos jogos estava tudo a ficar rápido demais, demasiado arcada, e isso contrastava bastante com o que se espera de Call of Duty. Ou pelo menos, não espero encontrar algo militar a um ritmo que faz inveja ao Sonic!
Ainda em relação ao stealth, que são momentos bem definidos ao longo do jogo, houve algo mais que chamou bastante a atenção. Um sistema de criação de itens, como explosivos, granadas de fumo, facas, entre outros. Ainda que seja algo que já estamos mais que habituados a ver noutros títulos, aqui foge bastante à regra e não só é dos momentos mais interessantes da história de Modern Warfare 2, como mostra mais daquilo que podemos esperar de Call of Duty (online) num futuro bem próximo.
E ainda que seja algo redundante falar deste ponto, visualmente o jogo está incrível. Ainda há pouco tempo regressei ao original de 2019 e aguentou bastante bem, inclusive em comparação com os títulos posteriores. E este aqui consegue estar pontos acima. Nos locais citadinos e naturais, chega a ser assustador o quão realistas conseguem ser. Nos momentos em que estamos em locais militares, acaba por não ser nada demais, ainda assim estão bastante bem conseguidos, mas a escala dos outros acaba por encher mais a vista.
Resta saber o que aí vem no multiplayer, tanto no lançamento oficial de Modern Warfare 2, como nos meses que se seguem, numa experiência que ainda vai ter bastante para dar até ao final deste ano. Mas só pela experiência single player, e se isto for apenas aquilo pelo qual têm interesse, já vale bastante a pena.
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