Se não és alguém que no último mês tem vivido debaixo de uma pedra que foi atirada para o fundo do oceano, obviamente já ouviste falar muito de Elden Ring. Da dificuldade dos bosses, do mundo aberto, da história, entre outros aspetos. Eu fiqueiinteressado neste jogo desde que vi os primeiros streamers a jogar a versão teste e agora, depois de jogar 100 horas, vou dar a minha opinião e talvez ajudar a perceber se este jogo é para ti ou não.
Este não é o meu primeiro jogo de FromSoftware, tendo já jogado, concluído e ficado apaixonado por Sekiro : Shadows Die Twice, mas nunca estive muito interessado em Dark Souls. Agora sei o que estão a pensar: “então porque é que ficaste interessado em Elden Ring? É basicamente a mesma coisa”. Bem, sim e não.
Elden Ring usa os mecanismos básicos de Dark Souls em termos de luta, movimento e exploração mas para além de melhorar em todos eles (como era de esperar com a experiência que FromSoftware tem neste tipo de jogos) e os tornar mais fluídos, também conseguiu tornar todo o jogo mais acessível e diversificado.
Dark Souls sempre foi o tipo de jogo em que, apesar de todas as classes que te apresentam no início, o jogo tem claramente uma forma correta de jogar e que torna o progresso mais fácil. Jogar com um personagem com um escudo grande para se defender, muita vida para conseguir sobreviver a ataques dos bosses mais fortes e uma espada muito grande para fazer muito dano, mas Elden Ring não é nada disso!
Elden Ring consegue oferecer-nos uma verdadeira experiência de RPG de mundo aberto, onde qualquer classe e estilo de jogo é válida. No fim, é isso que queremos num RPG, criar um personagem nosso e adaptado às nossas preferências. Preferes jogar com um cavaleiro com uma espada grande? Muito bem! Preferes jogar (como eu) com um bandido que baseia o estilo de jogo stealth e aproveitar as fraquezas dos inimigos? Também funciona! Preferes jogar com um astrólogo que tem a sua força na magia? Perfeito, podes fazê-lo. Tens 10 classes para escolher: Guerreiro, Samurai, Bandido, Prisioneiro, Profeta, Vagabundo, Astrólogo, Confessor, Herói e o Básico. Todas elas te vão oferecer o mesmo nível de imersão no jogo.
Elden Ring permite finalmente a experiência de RPG que todos queríamos de um jogo de FromSoftware e completa-a com um dos melhores mundos abertos alguma vez feitos na história dos videojogos.
Elden Ring continua a oferecer a mesma qualidade ao nível de armas, inimigos e NPC, que falarei mais tarde, que as entradas anteriores do estúdio. Mas é mesmo no mundo aberto que o jogo ultrapassa tudo o que foi feito até hoje e o que muito provavelmente lhe vai garantir o título de jogo do ano.
As “Lands Between” não são simplesmente um mundo aberto feito para explorares ao longo da história. É um mundo vivo, com um ciclo de dia/noite que se altera não só através das tuas ações mas também sozinho. Quanto mais jogares Elden Ring, mais irás querer explorar todos os cantos e segredos deste mundo e vais ficar espantado pelo tamanho enorme do mesmo e dos detalhes postos em cada zona.
Ao contrário de muitos Mundos abertos grandes, nunca vais sentir as “Lands Between” vazias. Onde quer que vás, vais encontrar um segredo por explorar, uma masmorra com um boss para derrotar, referências à lore criada por George R.R. Martin, NPCs e side-quests para fazer ou até mesmo uma piada que se vai surpreender no meio de todas as lutas e inimigos à tua volta.
Já perdi conta ao número de vezes que penso “vou ali aquela caverna ver o que está lá” e passado umas horas já me perdi completamente no que estava a fazer e já estou metido numa missão secundária de um NPC novo e a lutar com um mini-boss que nem sabia que estava ali.
Podia continuar a falar deste mundo fantástico que existe em Elden Ring mas para isso iria precisar de um artigo completamente novo. Mas em resumo, na minha opinião, as “Lands Between” são o melhor mundo aberto alguma vez criado em videojogos. Estão cheias de referências de lore e segredos por explorar e recompensam o jogador por explorar, sem criar uma lista de coisas na tua cabeça, para ir cortando, o que ao fim do tempo se torna aborrecido.
Vais sempre sentir-te recompensado/a pelo tempo que estás a pôr na exploração, ao ponto de que mesmo depois de 100 horas de jogo, estou tão apaixonado pelo mundo e pela exploração que ainda só derrotei dois bosses da história principal. E não por causa da dificuldade dos mesmos, que já irei falar mais, mas porque na verdade há muito mais para explorar nas Lands Between do que a tua missão e não vais conseguir não explorar.
E se explorar não é muito o teu estilo, não te preocupes, nada te obriga a fazê-lo, pois os pontos de graça (os pontos onde consegues descansar e recuperar toda a tua vida e itens de cura), vão sempre apontar-te na direção correta que te leva a evoluir a história. Por isso, se só quiseres, e fores bom o suficiente é claro, podes simplesmente seguir este caminho dourado apontado pelo jogo e ignorar a exploração.
Em termos de feitiços, armas e armaduras, como disse anteriormente, para permitir ao jogador experienciar Elden Ring como preferir, o jogo oferece-te uma infinidade de itens e feitiços, onde vais certamente encontrar o estilo de luta para ti.
Há armas e armaduras mais fortes que outras? Sim claro, mas se uma das tuas armas preferidas for uma das encontradas inicialmente não te preocupes, o jogo permite-te evoluir o nível da maior parte das armas, caso a tua favorita seja encontrada no início do jogo. Também a armadura pode ser mudada para manteres sempre a mesma, mas para ser muito honesto ainda não descobri onde o fazer.
Em termos de feitiços, tens uma variedade muito grande que vão desde magia de ataque, magia da cura e magia de suporte. Se estiveres a construir um personagem com foco na magia, não te esqueças de pelo menos ter uma armas (mesmo das mais básicas) sempre contigo, caso sejas surpreendido/a por um inimigo resistente a magia.
Pessoalmente, estando a jogar com a classe de bandido, estou a jogar com Punhais, Twin Blades e Arcos, mas acabei por colocar alguns pontos em inteligência, pois a magia é algo muito relevante nas lutas em Elden Ring. Recomendo muito que mesmo que queiras fazer um personagem baseado apenas em força ou destreza, pores alguns pontos em inteligência ou fé para poderes utilizar alguns feitiços, mesmo que sejam dos mais básicos.
Ter um personagem com valores muito altos nos atributos principais é importante, mas não te esqueças de manter algum equilíbrio. Investir todas as runas que vais conquistando ao longo do jogo apenas nos mesmos atributos, pode tornar alguns momentos do jogo frustrantes por causa de resistências dos inimigos.
Muito rapidamente, para te ajudar, caso estejas com alguma dúvida no que cada dos atributos, aqui fica uma pequena lista:
Escolhe bem os atributos em que queres investir e que melhor se adaptem ao teu estilo de jogo. Mas não te preocupes, depois de derrotar o segundo boss da história de Elden Ring, esta vai estar sempre aberta a ajudar-te a modificar os teus atributos (e até aparência) em troca de um item específico. Por isso, podes modificar, mas cuidado porque não é um número infinito de vezes.
Apenas uma nota, evoluir Inteligência e Fé não te dá acesso imediatamente a feitiços. Tens de comprar um staff (para inteligência) ou um seal (para fé) para os poder usar. As únicas classes que já começam com estes itens são o Prisioneiro e o Astrólogo para o staff e o Profeta, Herói e Confessor com o Seal. Estes itens são bastante fáceis de obter mesmo pelas outras classes, mas talvez começa só a investir em inteligência e fé depois de os teres.
Com todas estas inovações na história e mecânicas de jogo, FromSoftware consegue manter uma coisa das suas franquias que todos os jogadores adoram, os personagens. Sejam NPC, inimigos ou bosses, Elden Ring mantém o mesmo alto nível dos outros jogos de FromSoftware.
Durante a tua aventura, vais encontrar dezenas de NPC, cada um com a sua personalidade, história e quest, com quem vais poder interagir e afetar o seu destino. Podes fazer isto com TODOS OS PERSONAGENS. Qualquer personagem que vais encontrar no mundo, por mais insignificante que possa parecer, garanto-te que vai sofrer o impacto das tuas ações e vai ter impacto na história e no futuro das “Lands Between”. Por isso, pensa bem quem queres ajudar e da forma como o queres fazer, pois mais à frente, no clássico estilo de FromSoftware, vais ver as consequências inesperadas e completamente desproporcionais.
Mas com isto, não te estou a tentar dissuadir de ajudar e falar com todos os personagens. Na verdade, deves fazê-lo. Não só porque torna o jogo mais imersivo e vivo, mas também porque ajuda a humanizar este mundo cheio de dragões e criaturas fantásticas.
Pessoalmente, estou tão apaixonado pelos NPCs do jogo que não consigo parar de progredir nos seus quests e descobrir mais sobre os mesmos. Sejam personagens que estão sempre contigo, como Iron Fist Alexander (o Jar-person favorito de toda a gente que te ajuda em várias lutas durante o jogo) ou personagens que apenas aparecem para um pequeno quest, como Thops (que é um feiticeiro que precisa de ajuda para voltar a entrar na academia da magia). Sem esquecer, é claro, a já habitual presença de Patches, o NPC que está presente em todos os jogos de FromSoftware.
Em termos de inimigos, o jogo também continua a entregar o mesmo nível de dificuldade e estratégia, como os jogos de Dark Souls. Mas é nos bosses que Elden Ring verdadeiramente se distingue. Para além dos bosses das história, tens também dúzias de outros mini-bosses espalhados por masmorras, ruínas, torres, castelos. Tté alguns que simplesmente vagueiam pelo mundo e podes acidentalmente encontrar enquanto exploras, sendo que alguns destes bosses apenas aparecem em momentos específicos do dia/noite.
Nenhum destes mini-bosses é obrigatório, sendo-o apenas os das masmorras lendárias, ou seja os locais onde vais encontrar os bosses relacionados com a história. Mas quem consegue resistir a uma boa luta com um boss de FromSoftware? Especialmente com a nova Inteligência Artificial, que tornam os seus comportamentos mais reais e menos mecânicos, fazendo até com que os inimigos adaptem os seus ataques ao teu estilo de jogo.
Sem esquecer a sempre complexa backstory que FromSoftware desenvolve para todos os seus bosses, do mais pequeno mini-boss que guarda um portão ao mais complexos Demi-Gods, que são o ponto crucial na história de Elden Ring, que vão deixar um ti um sentimento agridoce depois de os derrotares.
Sei que podes ficar com a sensação que o jogo é muito difícil, e vamos ser honestos, não é fácil, mas a FromSoftware consegue encontrar o equilíbrio perfeito entre dificuldade e diversão e dá-te tudo o que precisas para derrotar os bosses.
Para além da exploração, que é sempre recompensada neste jogo e ajuda-te a evoluir de nível rapidamente, o jogo também oferece várias pistas que te ajudam a perceber as fraquezas de cada um dos inimigos. Desde armas especificamente feitas para fazer mais dano, que pode ser encontradas normalmente na zona à volta do local do boss e ainda as já famosas Summons, que te permitem chamar espíritos (que vais desbloqueando e encontrado ao longo do jogo) que ajudam a derrotar os inimigos.
Por isso não tenhas medo! Pessoalmente, senti pouca dificuldade em derrotar tanto Godrick the Grafted como Rennala Queen of the Full Moon. Basta encontrares o teu estilo e ritmo na luta, e usares os teus itens favoritos e imediatamente a luta se torna muito mais simples.
Para além disso, o jogo também te permite jogar em Co-op, caso queiras explorar o mundo e jogar contra os bosses com um amigo. Se preferires o PvP com o mesmo mecanismo das invasões já existente em Dark Souls, que podes sempre desligar caso queiras garantir que o teu jogo não é invadido, este também está presente em Elden Ring passado algumas horas de jogo e depois de descobrires uma das fações importantes para a história.
Não estou a dizer que o jogo é perfeito. Elden Ring continua a ter os mesmos problemas com os controlos da câmara, UI muito pouco user-friendly e pouca explicação por parte do jogo sobre a utilização de vários itens. Por exemplo, só descobri o que as rainbow rocks faziam depois de mais de 70 horas de jogo e porque vi um vídeo a explicar. Para além disso, vários jogadores (eu inclusive) já experimentaram crashes que te obrigam a reiniciar o jogo e às vezes a perder um pouco do progresso. Problemas estes que a BandaiCom e a FromSoftware parecem muito pouco interessadas em resolver, por isso mantém sempre uma cópia de segurança do teu save-file. Apesar destes problemas, acho muito difícil Elden Ring não ganhar o título de jogo do ano.
No final, não vais querer perder esta grande experiência que é Elden Ring. Prepara a tua melhor face de herói para derrotares os DemiGods das Lands Between, numa aventura que vai ficar para sempre lembrada como o jogo que mudou a forma como a indústria dos videojogos olha para os mundos abertos.
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