Depois destas semanas loucas envolvido com Hogwarts Legacy, posso finalmente dizer que estou preparado para me debruçar de forma opinativa sobre a nova aventura baseada no universo de Harry Potter. Foram dezenas de horas que me garantiram muita diversão, ficando rapidamente destacado que este é um título que merece ser jogado. O ano de 2023 promete muito em grandes lançamentos nos videojogos e o ano arrancou com alguns títulos que se destacaram. Fevereiro é o mês de Hogwarts Legacy e poderá marcar o início de algo mágico para a Avalanche. Este estúdio que ao longo dos últimos anos se tinha dedicado a videojogos ligados aos filmes Disney, incluindo o desenvolvimento de toda a coleção Disney Infinity, encontra agora a oportunidade de se colocar à prova e mostrar que está pronta para desenvolver grandes títulos AAA.
Tenho de começar com uma nota de sinceridade. Desde que este jogo foi anunciado que me encontrava com algumas reservas. Quer pelo estúdio querer fazer algo tão ambicioso, quer pela possibilidade de estragar muito deste universo. Desde o início que este jogo tinha aquele ar de muito querer e acabam por nada fazer. Como aqueles jogos de licenças que nunca dão em nada de especial – lembram-se do Gollum? Já por tantas vezes que fomos “queimados” por potências excelentes jogos, que um jogo como este deixou-me sempre com muitas reservas. Também não é fácil quando houve imenso secretismo durante tanto tempo. Mas à medida que nos aproximamos do lançamento, tudo começou a ficar mais claro.
A tração que Hogwarts Legacy ganhou nos últimos meses foi de completa loucura. Por bons ou por maus motivos, o jogo ganhou cada vez mais visibilidade e o estúdio acabou por se revelar bem mais transparente do que parecia no início. Restava saber de que forma se ia portar nas máquinas dos jogadores. Lançado inicialmente para PC, Xbox Series X|S e PlayStation 5, Hogwarts Legacy começou com estrondo. Mais de 12 milhões de unidades vendidas no espaço de duas semanas. Milhões de jogadores a explorar o novo título, com um pico gigante de pessoas a assistir na Twitch. Portanto, um jogo de sucesso. Por aqui, foi igualmente um grande lançamento. Da minha parte, tenho explorado o mundo na PlayStation 5 e do lado da Cristiana que ainda se mantém em aventura na Xbox Series X. Ambos a adorar a experiência desde o primeiro minuto.
A entrada neste jogo foi tão mágica como tudo o que envolve o universo. Desde a primeira visão sobre o personagem que acabei de criar, até aos primeiros cenários. Tudo parecia perfeito e está lá muito próximo. A Avalanche fez um trabalho exímio em recriar este mundo e isso sente-se desde que iniciamos a nossa aventura. E isso é algo que não acontece muito nas minhas viagens pelos mundos fantásticos dos videojogos. Talvez por ter estado tão alienado dos desenvolvimentos na produção, levou a que qualquer momento fosse único e surpreendente. Foi sem dúvida um dos grandes inícios que tive nos últimos tempos.
Como referi antes, a Avalanche conseguiu construir um mundo imenso. Carregado de detalhe, mesmo não sendo o jogo mais bonito da história. Os ambientes transportam-nos rapidamente para aquele mundo e o castelo é um regalo de se ver, por dentro e por fora. O mais interessante é que por mais incrível que o castelo seja, o ambiente envolvente é o que me deixa mais curioso por descobrir. Não ter tanta representação cinematográfica desses ambientes tornam tudo mais divertido de explorar. Ir aos locais que já vimos ou conhecer novos ambientes é das coisas mais gratificantes deste título. A exploração é tão divertida que me sinto bem em fazer coisas que noutros jogos me deixam aborrecido. Já por várias vezes que me defino como alguém que não gosta daqueles títulos que me obrigam a fazer missões secundárias sem qualquer tipo de relação para o resto. No entanto, aqui não senti isso num único momento.
Descobrir a história de cada personagem é muito interessante e fornece aquela informação extra que mesmo não sendo obrigatória para a trama principal, torna tudo mais espetacular. É um prazer conhecer os recantos de cada espaço, sobrevoar cada área e descobrir novos desafios. Hogwarts Legacy coloca o jogador naquele mundo mágico e faz questão de lhe dar uma jornada muito própria. Este é principalmente um mundo carregado de referências, nomes conhecidos e detalhes que nos vão transportar para a nossa infância – caso tenham vivido a saga Harry Potter nessa altura. Estamos perante um trabalho digno de estar par a par com o que fez de Harry Potter um sucesso e o potencial para explorar ainda mais deste mundo deixa-me com muitas esperanças pelo futuro.
Deixem-me referir algumas notas sobre os feitiços e igualmente sobre o combate presente neste jogo. Aqui somos presentes a uma série de feitiços bem conhecidos do universo e alguns que são bem proibidos. A aprendizagem é bastante simples, mas o minijogo criado acaba por conectar com os movimentos que qualquer feiticeiro estudante terá de realizar. Estes são aprendidos durante as aulas. A partir daí é apresentada uma estrutura de Quatro feitiços divididos por quatro “arquivos”. Isto permite que tenhamos sempre à mão 16 feitiços, mais aqueles que estão sempre disponíveis com outras combinações, como o caso do Revelio. É uma forma válida de ter um conjunto de poderes sempre disponíveis e que acaba por funcionar bem, apesar de já aparecer um pouco tarde. Senti a necessidade daquele “arquivo” um pouco mais cedo no jogo, já que inicialmente apenas podemos acomodar quatro feitiços e começa a ficar rapidamente aborrecido andar sempre a trocar.
Com esta gama variada de feitiços, podemos realizar vários tipos de atividades, tais como revelar colecionáveis, conjurar objetos na sala das necessidades e combater. Antes de deixar uma nota sobre o combate, permitam-me referir que a sala das necessidades foi uma perfeita forma de adicionar uma espécie de hub pessoal onde o jogador pode realizar uma série de tarefas. Apesar de estar muito bem pensado, este sistema podia ser facilmente substituído por uma maior conexão com as aulas. Porque apesar de não parecer, continuamos a ser alunos em Hogwarts. No entanto, a sala é um espaço totalmente personalizável e permite realizar certos procedimentos como produzir poções ou desvendar aquelas roupas que não sabemos o que são. Uma adição interessante.
Voltando ao combate, este é realizado de uma forma muito interessante. Apesar de haver um conjunto determinado de feitiços de ataque, vários podem ser utilizados para nos auxiliar. Seja para colocar os inimigos a levitar, para os afastar ou até para os aproximar. A potencialidade do combate é enorme e podemos explorar várias formas de o fazer. Combinar ataques e conseguir refletir o máximo de dano sem que um inimigo nos toque. Claro que tudo tem a sua regra e cada inimigo tem as suas particularidades, colocando à prova o jogador na sua demanda. Temos de nos adaptar rapidamente, mas a forma como o jogo está construído acaba por nos ajudar a compreender rapidamente o que precisamos de fazer a seguir. É um combate fluido e muito bem coreografado. Nunca senti frustração contra qualquer inimigo e apenas uma dose de desafio divertido. O jogo explora muito bem a combinação de vários dos nossos feitiços e leva o jogador a explorar ao máximo cada um deles. É no combate onde as mudanças de vestuário vão fazer realmente alguma diferença, permitindo mais dano ou defesa.
Apesar de todas as particularidades que tornam este um dos meus jogos favoritos deste ano, há também uma série de questões que me deixam a perguntar… porque? Criar um mundo tão imenso como este pode trazer problemas de desempenho, mas devido às opções disponíveis podemos adaptar para a forma que preferimos jogar. Ou damos primazia aos gráficos, ou ao desempenho. Joguei muito no modo fidelity e senti-me perfeitamente bem com o jogo, apesar de podermos tornar tudo mais fluido ao explorarmos o modo performance. Duas opções que têm sido muito habituais nesta geração de consolas, mas que ajudam cada jogador na sua experiência. Contudo e mesmo adotando qualquer uma das opções, o jogo nem sempre é totalmente perfeito, contando com alguns pequenos erros em detalhes de luz e sombras. Quase nunca é demasiado distrativo, mas para o olho mais atento pode fazer soar alarmes.
Além disso, o grafismo não é o topo do que já vimos esta geração, mas aguenta-se bem. Julgo que a história mágica também se adapta bem a este estilo gráfico menos realista e ligeiramente mais cartoon. Mas não é essa questão que me afeta mais. A verdade é que há um detalhe neste jogo que acaba por me deixar de pé atrás numa eventual sequela. A forma como as roupas são tratadas não me agradou. É um extra que parece não se adaptar bem ao jogo, deslocando o protagonista do restante elenco. Parece sempre que estou fora do lugar e quando penso que tenho a roupa perfeita, lá vem uma peça que me aumenta alguma característica e por esse motivo vou acabar por mudar novamente. O jogo não tem um sistema satisfatório nesta questão e este tipo de colecionáveis ganhos acabam por ser um dos pontos menos favoráveis para mim. A verdade é que está experiência pode levar a que uma sequela tenha microtransações e outro tipo de conteúdos extra que poderão tornar o título em algo que ninguém quer: que transformem este jogo em mais um título online que ninguém quer saber.
És fã de Harry Potter? Então sim, julgo que este é o jogo ideal para ti. Se não és fãs de Harry Potter, Hogwarts Legacy também pode ser um bom jogo para ti. Na minha opinião, o jogo ultrapassa facilmente essa questão e irá acabar por ser uma experiência divertida para qualquer jogador. O jogo entrega uma experiência duradoura e divertida. Personagens que nos oferecem uma nova visão sobre a vida mágica em Hogwarts e do mundo dos feiticeiros. Uma boa dose de colecionáveis e vilões para descobrir. É uma aventura e tanto que deve ser experienciada por todos. Por isso, se tiverem oportunidade de explorar numa das novas consolas, podemos dizer que está aprovadíssimo. Acreditamos que no PC é igual. Se ainda se mantiveram nas restantes consolas, vão ter de aguardar mais um pouco, mas tenho confiança que podemos estar perante um grande título em qualquer plataforma.
Esta análise foi possível com o apoio da Upload Distribution!
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