Quando comecei a jogar Marvel’s Guardians of the Galaxy estava um pouco de pé atrás, relativamente ao jogo. Podem ver a primeira hora e meia de jogo que gravei, aqui. Eu sou um grande fã da franquia dos Guardiões da Galáxia e a ideia de jogar no papel destes bandidos intergalácticos sempre me chamou a atenção. Por outro lado, a Marvel não tem um bom historial relativamente a jogos, com a exceção dos jogos do Homem-Aranha, e o facto de ter de jogar com Starlord, que é o único personagem dos comics e dos filmes que não gosto na equipa, estava a deixar uma sombra negra sobre as minhas expectativas.
Mas, quando comecei a jogar, muito rapidamente essas dúvidas desapareceram. Por um lado, apesar de jogar com Starlord, este é diferente do personagem já conhecido, mas continua a manter as mesmas características. No entanto, é muito mais carismático, empático e inteligente que as suas outras versões, o que ajuda a compensar as suas falhas. Para além disto, fica claro desde o início que este não é o clássico jogo da Marvel, que é feito só para andares à luta e utilizares os teus poderes. Tem um grande foco na história, nas relações com os companheiros, nas escolhas e no universo à tua volta. Mas vamos por partes.
Na pele de Starlord (aka Peter Quill), começas a jogo com uma equipa de Guardiões que trabalham relutantemente em grupo. Rocket, Groot, Gamora e Drax estão constantemente às turras e a discutir uns com os outros e cabe-te a ti, através das interações com os mesmos, tomar todas as decisões para a equipa e torná-la mais unida. Todas as tuas decisões irão ter consequências no momento, ou no futuro, por isso escolhe com cuidado. Há escolhas que podem parecer irrelevantes mas que vão ter consequências de longo prazo para a tua equipa e na forma como os personagens à vossa volta vos vêm.
E é esta constante interação com os personagens e escolhas que tens de fazer que torna o jogo e a sua história tão especial. Como jogador, sentes que estás a afetar o mundo e que não estás num guião pré-escrito, onde não podes alterar os acontecimentos. No entanto, o lado mais negativo de os teus companheiros precisarem de ti para toda e qualquer decisão, é que às vezes fá-los parecer um pouco desumanizados. Apesar de todos terem reações diferentes às tuas decisões, o que afeta as vossas relações, não é realista que eles simplesmente ouçam tudo o que o Peter decide, mesmo quando não concordam com as mesmas.
Mas mesmo este pequeno fator negativo é corrigido ao longo do jogo. À medida que o jogo vai avançando, os personagens começam a ficar mais independentes, a adaptar-se às tuas decisões e até começam a utilizar as suas habilidades e interagir uns com os outros (dentro e fora da luta) sem ser necessário tu dares toda as ordens, como uma babysitter.
Em termos de história, não há nenhuma crítica a apontar ao jogo, sendo este o seu ponto mais forte. Com a vibe caótica que já conhecemos dos Guardiões da Galáxia, o jogo tem várias histórias a acontecer ao mesmo tempo, que se vão acabar por cruzar entre si e cujos finais dependem bastante das tuas decisões.
Desde um padre que está a tentar dominar a galáxia para poder trazer o seu filho de volta dos mortos; uma criatura que vive dentro da Soul Stone que é libertada acidentalmente por Starlord e Rocket; uma rainha caçadora que está a perseguir os guardiões depois de estes a enganarem e roubarem; uma possível filha de Starlord; até à mais simples multa que os Guardiões da Galáxia têm de pagar. Não te vão faltar momentos hilariantes, cenas emocionais e profundas e até vários detalhes e Easter Eggs para explorar.
Estes Easter Eggs vêm em muitas formas. Roupas colecionáveis para os personagens, informação que podes recolher ao longo dos mapas, cadastros dos teus companheiros, várias interações com os NPC, especialmente em Knowhere e os muitos, MUITOS cameos.
Relativamente aos cameos, vais ter uns mais relevantes para a história que outros. Uns irão afetar de forma importante a tua aventura e outros que apenas existem como uma pequena recompensa para os jogadores que gostam de explorar os mapas, para além da história. Terás muitos personagens que conheces, tantos dos filmes como da BD. Temos o Collecttor, Cosmo o cão Russo, Mantis, Adam Warlock, Jack Flag, Lipless, a Capitã Ko-Rel e até várias referências a Yondu e aos Avengers, que se juntam a Kamaria, o lama intergaláctico, que se junta aos Guardiões da Galáxia neste jogo (e nomeada em homenagem à filha de Drax), sendo uma das imagens de marca do jogo.
Mas é claro, um jogo da Marvel não seria um jogo da Marvel sem as suas lutas. Durante as tuas aventuras intergalácticas, vais encontrar, como é expectável, vários tipo de inimigos. E é aqui que acho que o jogo tem o seu ponto fraco. Apesar do ponto forte das habilidades de Starlord, Rocket, Groot, Drax e Gamora serem todas bastante únicas e cada uma com efeitos diferentes nos inimigos, criando combinações e cenas de ação visualmente excitantes, é difícil não sentir um pouco de aborrecimento quando o jogo te continua a enviar inimigos atrás de inimigos e tu estás durante 10 minutos seguidos a disparar e a combinar as habilidades dos teus companheiros, simplesmente porque estás ansioso por continuar a história e não porque na verdade a batalha está a ser excitante.
Os inimigos, apesar de visualmente diferentes e com algumas defesas e ataques distintos, acabam por não ser distintos o suficiente para teres de mudar os teus padrões de ataque. Na minha opinião, a única salva destas batalhas é o Huddle up. Neste momento, a batalha pausa e tu chamas os guardiões para uma discussão de equipa onde tens de ouvir os teus companheiros e escolher o discurso correto para os motivar. Se escolheres a opção correta, tanto tu como os teus companheiros ganham um boost no dano que fazem. Se falhares, apenas tu ganhas esse boost.
Mas não te preocupes, quer falhes ou ganhes, vais conseguir sempre fazer o resto da luta com uma das muitas músicas no background da batalha. E se já conheces a franquia, sabes que estas músicas não falham.
Por outro lado, sendo justo na minha análise, as lutas contra os Bosses são épicas e cada uma mais única do que a outra– É difícil de esquecer aquele momento em que consegues derrotar um dragão gigante num planeta distante.
No final, Guardians of the Galaxy é dos melhores jogos feitos pela Marvel. Fica apenas atrás do mais recente Homem-Aranha. Não se torna no melhor pelos vários Bugs presentes no jogo, qque às vezes te obrigam a repetir escolhas ou lutas, porque o jogo bloqueia e não te deixa progredir ou o jogo simplesmente dá-te o botão errado que tens de carregar, para um quick time event e tens de repetir até conseguires acertar qual é.
Mas com uma história tanto caótica como profunda, ao clássico estilo de Guardiões da Galáxia, personagens apaixonantes e divertidos, um sistema de escolha mais complexo do que inicialmente podes esperar e uma soundtrack excelente, Guardians of the Galaxy é um jogo que qualquer fã da Marvel tem de experimentar!
Apenas uma nota. No final, não te esqueças que isto é a Marvel e quando achares que o jogo acabou e os créditos começarem a rolar, não saias do jogo. Prepara-te que ainda tens mais uma luta por fazer (na minha opinião um pouco desnecessária e exagerada comparada com o resto do jogo) e duas cenas de pós-créditos, que te vão aquecer o coração ao mesmo tempo que o jogo conclui a história de todos os personagens e de como as tuas interações afetaram a sua vida.
Por isso, prepara a tua melhor máscara espacial e junta-te aos Guardiões, enquanto salvas a galáxia ao mesmo tempo que procuras o equilíbrio entre ser um herói e ser um criminoso intergaláctico.
Esta análise foi possível com o apoio da Square Enix!
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