Antes de avançar com o que quer que seja dito nesta análise de Pokémon Legends: Arceus, quero apenas frisar que não será referido qualquer aspeto relativo à história do jogo. Irei versar esta análise do ponto de vista da jogabilidade, sendo certo que abordarei outros aspetos também eles igualmente relevantes, mas nada relacionado com a história principal.
Bem, mas que momento estamos nós a viver. Nunca pensei que o Pokémon seguisse este percurso. Não nesta geração e principalmente depois do último título lançado. Quero, desde já, referi que o jogo está extraordinário. Isto, regra geral. Obviamente que nada é perfeito e vamos adereçar precisamente isso, mas primeiro, os pontos positivos.
É inevitável não fazer uma comparação deste jogo com o Breath of the Wild. Grafismo parecido, criação de objetos e materiais através do sistema de crafting de outros materiais que encontremos no mapa, mundo aberto para explorar, entre outros factores.
Este último ponto, o mundo aberto, embora um pouco diferente do Zelda, é muito interessante. Os ambientes são distribuídos pelos diversos locais do mapa, sendo certo que, à medida que vamos progredindo, vamos encontrando mais e mais ambientes e biomas. Os Pokémons vão, também eles, mudando o seu habitat ou aparência, mas nada a que não estejamos habituados.
O importante aqui a reter é que todos os locais para onde nos enviam são distintos e que todos os locais têm ações a fazer ou explorar. Pela história do jogo em Pokémon Legends: Arceus, entendesse o porquê de não existir grande coisa nestes locais. Não existem muitas aldeias espalhadas nos locais onde existem os Pokémons, nem existem muitos treinadores com Pokémons para nós enfrentarmos para lá daqueles que aparecem ao longo da história. Isto pode fazer com que o jogo transmita uma sensação de vazio no mapa. No entanto, não entendemos que assim seja, pois, cada local é corretamente inserido na história que representa. A única coisa com a qual não concordo é a forma de passar entre os locais.
Em The Legend of Zelda: Breath of the Wild, uma vez feita a entrada no jogo, poucos locais existem com loading screens. Infelizmente, nesta última versão do Pokémon acontece com frequência. Aliás, não há forma de entrar em qualquer área de Pokémons que não seja pré-selecionada. Confesso que este sistema tem de ser refinado. Se é para ser mundo aberto deve ser completamente aberto, ou seja, sem loadings.
Atrás desta novidade de mundo aberto, vem a melhor coisa que aconteceu a esta saga.
Acabaram-se os encontros aleatórios! Agora é muito simples: querem um Pokémon é só lançar a Pokébola. Claro que não é assim sempre, mas, principalmente nos primeiros locais de exploração, basta fazerem assim. Para os Pokémons mais teimosos, temos sempre a hipótese de mandar um Pokémon nosso atacar e enfraquecê-lo antes de atirar a Pokébola, tal como se faz nos jogos antigos. Existem ainda outros fatores que podem influenciar o sucesso da captura, como por exemplo, atirar a Pokébola contra as costas do Pokémon selvagem. Isso irá deixar o Pokémon surpreso e abre mais oportunidades para a captura.
Um outro conceito novo são os chamados Alpha Pokémon. Estes são Pokémons mais fortes e de tamanho maior, com os olhos vermelhos, que vagueiam pelos locais de exploração. Estes, em regra, são Pokémons muito mais fortes do que os outros da área em que estão inseridos por muitos níveis. Por isso, cuidado quando quiserem ir atrás de um. Estejam preparados!
O jogo, claramente, incentiva os jogadores a apanharem tudo o que mexe e a tentarem explorar o máximo que conseguirem de cada área. Aqui podemos introduzir um dos meus maiores problemas com o jogo: as boxes dos Pokémons. Agora, deixámos de poder aceder às boxes em qualquer lugar para passar a aceder apenas na aldeia principal. A parte boa é que finalmente podemos apagar mais do que um Pokémon de cada vez!
Por fim, dentro deste ponto, queria apenas fazer referência aos Shiny Hunters que estão a ler esta análise: estão com sorte! Nunca foi tão divertido caçar, malta. Principalmente com os Outbreaks, que aumentam exponencialmente as probabilidades de aparecer um Shiny!
Para aqueles que diziam que queriam um desafio, aqui está ele. É a primeira vez que os NPC’s têm Pokémons 10 níveis acima dos meus. Até os Pokémons selvagens são mais fortes que os meus Pokémons! Para adicionar sal à ferida, as mecânicas de combate são, também elas, totalmente diferentes. Até agora, no modo história, era raro o Pokémon adversário que atacasse primeiro. Agora, se for preciso, atacam três vezes antes de podermos atacar! Muito divertido e desafiante, foi e é uma forma de reinventar o combate no mundo dos Pokémons.
Mais uma vez, perderam a oportunidade de dar uma evolução ao Dunsparce, mas tudo bem, as outras compensam por esta perda. Vou deixar que explorem este mundo à vontade e que descubram as novas espécies.
Tenho de incluir um espaço apenas para esta questão. Finalmente, um jogo de Pokémon que nos faz trabalhar para ter recursos. Antigamente, passávamos o modo história de qualquer Pokémon, ficávamos ricos e podíamos comprar tudo o que quiséssemos nas casinhas azuis ou nos Pokémon Centers. Agora é totalmente diferente. Para já, nem todos os itens se vendem. Grande parte, são adquiridas através de um sistema de crafting, obrigando o jogador a procurar recursos pelas várias zonas do mapa, sendo certo que algumas apenas aparecem em locais específicos ou em momentos determinados.
Além disso, para fazer esses itens, é necessário que o jogador tenha a receita para os fazer, não pode simplesmente inventar uma receita como acontece no The Legend of Zelda: Breath of the Wild.
Estes são os pontos marcantes do jogo, tirando a história claro!
Agora vamos ao pontos menos bons. O primeiro que quero apontar é a falta de qualquer interação com jogadores reais. Acabaram-se as trocas aleatórias, combates de competição. Existe um sistema de trocas, mas tal sistema necessita de entrada de um código, tal como no Pokémon Sword e Shield.
A outra parte menos boa do jogo é, claramente, a parte gráfica. Mapas pouco definidos, texturas esborratadas e pop-ups mágicos são apenas alguns dos problemas. A música é outra vertente pouco explorada, na minha opinião. Os antigos jogos de Pokémon têm das melhores e mais variadas músicas para todo o tipo de situação ou ambiente. Nada como as músicas calmas do mundo do Pokémon para nos ajudar a estudar ou relaxar. Aqui, poucas músicas existem e, quando existem, são pouco memoráveis. Apenas o são quando se ouvem pequenos remixes das faixas originais. Por exemplo, se estiverem atentos, é possível identificar a música dos Lakes e da Eterna Forest nos locais apropriados. Assim como outras claro, afinal, isto é um remake da quarta geração.
Por fim e isto foi uma coisa que apenas reparei já muito longe do início do jogo. A cidade principal, onde vamos ter sempre que saímos de uma zona de exploração, é uma verdadeira cidade-fantasma. Os NPCS não têm qualquer animação de movimento. Tal e qual como os jogos antigos, por exemplo, no Pokémon Ruby, onde tínhamos os NPCS parados ou a andar em quadrado ou com dois ou três espaços para se moverem. No entanto, até aí, eles mexiam-se. Aqui, nada! É assustador.
Em suma, Pokémon Legends: Arceus transporta o jogador para uma nova e desafiante era de Pokémon. Para muitos, é o início de algo maravilhoso. Para outros, já o é. Eu enquadro-me, talvez, no meio dos dois. Na minha opinião, os jogos de Pokémon prévios à saída deste jogo tinham todos a sua magia, cada um à sua maneira. Quando saía um jogo de Pokémon, tinha novamente 12 anos e perdia horas a fio a conhecer as novas criaturas e a explorar a nova região. Por essa razão, ainda tenho todas as minhas cassetes originais. Todos os jogos são especiais à sua maneira e nenhum substituí a experiência do outro.
Por outro lado, Pokémon Legends: Arceus é a rutura de décadas, rutura essa que muitos esperavam. Apanhar Pokémons nunca foi tão rápido e fácil, nunca foi tão fácil fazer Shiny Hunt, nunca foi tão fácil explorar e querer mais e melhor. Nunca tivemos tantas opções de customização da personagem e tanta vontade em completar a Pokédex. Pelo menos, falo por mim. No entanto, mais uma vez, não são experiências que se sobrepõem, mas sim que se complementam.
O que quero dizer com isto? Embora ache que Pokémon Legends: Arceus seja um jogo extremamente bom, existe ainda muita margem para melhorar, seja pelos pontos negativos que mencionei, seja por outros que não tive a perspicácia de escrever. Certo é que, para um jogo que ninguém estava à espera que cumprisse, cumpriu.
Esta análise foi possível com o apoio da Nintendo Portugal!
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