Tenho de admitir que eu nunca vi com bons olhos aquilo que Little Big Planet oferecia ao jogador a cada nova iteração. Percebia a ideia, dava valor, mas sempre achei a execução muito fraca na jogabilidade. Num jogo de plataformas, sentir que o nosso personagem tem um movimento e gravidade demasiado gelatinosos, é a receita para o fracasso. Daí que os primeiros passos dados em Sackboy: Uma Grande Aventura, foram feitos com alguma prudência.

Este título tem a seu favor o facto de não viver da possibilidade de criarmos os nossos próprios níveis e partilha-los com a comunidade. Digo que é algo a favor, pois consegue ser uma experiência isolada e que pode ser refinada para preencher exatamente os requisitos que se esperam de um jogo guiado por objetivos e história. Pois no passado, criar os próprios níveis e dar asas à criatividade eram pontos bastante fortes para o tipo de jogo que quiseram criar.

Felizmente, aquilo que pouco ou nada gostava em Little Big Planet, aqui desaparece por completo e é um jogo incrivelmente competente na jogabilidade. Acho que competente até é pouco para o quão me diverti e gostei de jogar na pele de Sackboy… Ou melhor, no tecido de Sackboy! Saltar ou correr ou desviar-me de algo já não é uma tarefa penosa, nem significa que esquivar-me de algum projétil ou inimigo vá fazer com que morra para outra coisa qualquer por falta de fricção do personagem com o mundo em que ele está.

Fiquei igualmente surpreendido com alguns níveis musicais, que pegavam em músicas de Depeche Mode, Bruno Mars ou Foster the People, para mencionar apenas alguns, e todo o nível era jogado ao ritmo da música. São momentos únicos que ajudam a variar um pouco os níveis e continuam a manter-nos entretidos. E mesmo toda a banda sonora é das melhores que tenho ouvido em videojogos. Fiquei incrivelmente surpreendido com tudo o que ouvia em Sackboy.

A história em si, ainda que bastante simples e sem grandes surpresas, ganhou outro encanto assim que coloquei a mesma com a dobragem em português. É regra minha nunca alterar a língua original na qual o jogo é feito e pensado, mas isto aplica-se maioritariamente a títulos que têm como personagens seres humanos, ou uma história mais elaborada e que dependa daquilo que nos contam para ser aproveitada. Neste caso, estamos em algo descontraído e que mais parece um qualquer filme de animação do que propriamente algo que se está a levar mais a sério, ou que depende integralmente de uma linha narrativa para que faça sentido.

Além disso, existiram algumas melhorias gráficas nesta adaptação ao PC, que por sua vez já tinha passado por uma leve atualização no lançamento da versão PlayStation 5. Quando comparado com a original, é certo que existiram bastantes melhorias, mas relativamente à versão mais recente, podemos agora contar com 120 frames por segundo a 4K, RTX, DLSS, suporte para monitores wide screen e para o DualSense. Não é muito, mas são coisas que fazem a sua diferença quando o que se procura é maior fidelidade gráfica. E Sackboy: Uma Grande Aventura é um título que se presta bastante a esses detalhes.

Porém, acho que as coisas não correram exatamente como seria de esperar. Chegar aos 4K com 60 frames por segundos estáveis, mostrou-se ser uma tarefa praticamente impossível, quanto mais conseguir os 120. Isto sem o RTX ativo! Se juntarmos mais essa opção, é para esquecer. Mesmo usando a tecnologia DLSS, como forma de poupar recursos para outras opções, as coisas pouco mudam, não conseguindo haver uma melhoria muito acima de um par de unidades.

Se não tiverem um monitor 4K, ou se apenas quiserem chegar a uma resolução de 1080p, nesse caso já é possível conseguir aproveitar mais alguma coisa das melhorias que aqui foram adicionadas. Ainda assim, tendo em mente que o alcance continuará a ser os 60 frames estáveis e não muito mais que isso. Ativar as opções RTX por completo continua a mostrar-se ser uma tarefa pesada mesmo para equipamentos bem atualizados, mas já é possível pelo menos fazer escolhas mais equilibradas e que nos vão dar mais algo que na versão da PlayStation 5 não havia. Esta situação poderia existir por não estar a conseguir responder aos requisitos mínimos exigidos, mas estou bem acima dos recomendados para que isto não fosse um problema. Não se compreende o porquê desta pobre otimização.

Seja como for, para quem não tenha jogado Sackboy: Uma Grande Aventura esta é a oportunidade perfeita, pois tem tudo o que foi lançado até hoje, as melhorias acima mencionadas e de acessibilidade, e se já ficam contentes por, pelo menos, ter uma experiência totalmente idêntica à da PlayStation 5, então não há nada como o agora para meteram mãos neste título.

Por mim falo quando digo que desde o momento em que começava a jogar até terminar, nunca deixei de ter um sorriso estampado na cara por toda a experiência estar preparada para nos divertir e fazer sentir bem. Mesmo que tecnicamente este port tenha sido algo desastroso.