As tartarugas estão de regresso para mais uma surpreendente nova aventura. Provavelmente um dos grupos de personagens que mais assisti quando era miúdo e que sempre adorei explorar nos jogos que consegui. Nem sempre estas personagens foram adaptadas da melhor forma a outros meios de entretenimento, mas sem dúvida que os videojogos foram um passo certo em algumas das tentativas. Na história ficaram títulos como Turtles in Time, que provavelmente é uma das melhores maneiras dos jogadores controlarem estas icónicas tartarugas.
Já lá vai o tempo em que os jogadores entravam nas salas de arcada e exploravam estas loucas batalhas pelas ruas de várias cidades, onde ninjas nos atacavam a qualquer momento e tudo era uma arma, fossem os caixotes do lixo ou um cano que por sorte ali caiu no sítio exato que precisávamos. A verdade é que este género de videojogos está tão ligado às antigas salas que instintivamente ficamos com aquele sentimento nostálgico. Ao longo dos anos tivemos direito a vários portes para as diferentes consolas de cada geração, mas nunca foi fácil transpor o género para os tempos modernos. A maioria das sagas ficou-se mesmo pela geração Mega Drive e Super Nintendo, enquanto outros tentaram a passagem para o 3D e falharam redondamente.
Mesmo com esta falta de projetos interessantes, surgiram algumas obras de destaque e principalmente nos tempos mais recentes, com os videojogos independentes a ganharem cada vez mais força, ficámos a ganhar títulos como por exemplo o incrível Street of Rage 4. Apesar disso, julgo que Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge consegue ter o equilíbrio certo entre o moderno e a nostalgia. A verdade é que a equipa por detrás deste jogo tem já um vasto portfólio em desenvolver títulos com este ar e simbolismo clássico e isso percebesse bem neste novo jogo da Tribute Games. O jogo apresenta um conjunto de mecanismos habituais dos tempos de hoje como colecionáveis, mas em simultâneo aquela simplicidade de repetição dos jogos clássicos.
Há praticamente 20 anos explorava tudo o que havia para explorar neste género. São jogos fáceis de pegar, simples de aprender, mas muito difíceis de dominar, principalmente devido à fluidez de controlo dos personagens. Em Shredder’s Revenge, isso deixa de ser um problema, porque a jogabilidade foi altamente limada e todos aqueles problemas que tínhamos em bater no inimigo, movimentar, virar para os inimigos atrás, entre outros, parecem ter desaparecido. Senti uma fluidez imensa na exploração deste jogo e no controlo dos personagens. Parece que nada nos bloqueia e todos os controlos são exatamente aquilo que pretendemos. Sem dúvida, um dos aspetos mais positivos desta experiência e que mostram o cuidado e primazia na qualidade por parte da equipa de desenvolvimento.
Controlar os personagens é tão interessante quanto podia imaginar. Apesar dos ataques básicos serem iguais em todos eles, cada um se comporta de forma ligeiramente diferente e isso ajuda a tornar cada personagem único à sua forma. Isso vai desde a sua forma de combater até ao último detalhe, como a animação de vitória. A atenção ao detalhe é um dos principais focos neste jogo e é percetível que houve um cuidado em levar o jogador na verdadeira experiência de um beat’ em-ups, mesmo com a questão da dificuldade. Apesar do jogo nos permitir um maior folgo em relação a alguns dos clássicos, continua a ser bem desafiante e interessante. Contamos com um leque de personagens que apesar de na sua base serem semelhantes, contam com um conjunto de diferenças que tornam a aventura relativamente diferente, levando o jogador a ter de se adaptar e evoluir no jogo.
Mas não se enganem, Shredder’s Revenge consegue ser tão frustrante ou mais que alguns clássicos do género. O jogo permite escolher entre três níveis de dificuldade no início, mas não permite a alteração a meio, o que pode ser um problema para muitos jogadores, principalmente depois de umas boas horas de jogo em cima. Alguns dos bosses nos níveis mais avançados são realmente complicados numa dificuldade mais elevada. Sem a possibilidade de mudar a dificuldade a meio, o jogador será forçado a aguentar ou a começar de novo. Algo a ter em consideração na hora de começar. Ou então, ao bom estilo dos beat’em-ups, juntem-se com amigos, no sofá ou online e tudo se tornará mais fácil. Contudo, acima de 4 jogadores e até ao máximo de 6, o jogo começa a ficar mais e mais complicado. Por isso, preparem-se para dar cabo dos dedos e dos botões dos vossos comandos.
Se estão em busca de uma jornada rápida, mas extremamente divertida, a solo ou com amigos, podem terminar o jogo facilmente numa tarde e ter uma experiência incrível. Grandes momentos de ação, muita pancadaria, uma história extremamente simples, mas colada ao que foi feito na clássica série animada, um ambiente incrível e cheio de detalhes escondidos. Shredder’s Revenge é uma autêntica homenagem aos clássicos beat’em-ups e deixa-me muito curioso pelas possibilidades que daqui podem sair. Este é sem dúvida um título que vou querer regressar mais cedo ou mais tarde.
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