Muita tinta já correu sobre aquilo que Uncharted 4: A Thief’s End e The Lost Legacy são numa saga que já nos acompanha desde 2007, na distante PlayStation 3. Com mais dois jogos na coleção, e um remaster para a PlayStation 4 desses três primeiros títulos, é difícil encontrar quem não tenha jogado este franchise da Naughty Dog.
Ainda assim, para aqueles que há anos se focam única e exclusivamente no PC, Uncharted era algo que, até agora, dificilmente ia ser possível alguma vez experienciarem em primeira mão. Quis a Sony mudar essa situação e chega agora ao PC a Legacy of Thieves Collection, a mesma que havia sido lançada para a PlayStation 5 no início deste ano.
Encarregue deste porte está a Iron Galaxy, que há anos se dedica a fazer a conversão de variados títulos para diversas plataformas. Experiência não lhes falta, e acredito que aqui fizeram um trabalho exemplar que não só lhes fica bem no currículo, como dá aos jogadores todo um conjunto de melhorias e opções que se vão adaptar incrivelmente bem a qualquer que seja o sistema.
Enquanto que na PlayStation 5 já havia uma melhoria gráfica significativa, em relação à versão da PlayStation 4, tais como conseguir alcançar 120 frames por segundo ou resolução 4k. As duas não podiam andar de mão dada. As escolhas estão, logicamente, limitadas aquilo que a consola permite e às opções que nos são dadas. No caso do PC, somos livres de libertar esta criatura e ver o potencial máximo da mesma, assim o permita a nossa máquina.
Para um sistema moderno e acessível, facilmente conseguimos garantir que todas as opções visuais estão no nível máximo e assegurar uma resolução Full HD, totalmente estável nos 60 frames por segundo. Se quisermos chegar aos 120, que haviam sido disponibilizados numa das opções em consola, ou até mais, é possível mas obviamente que mais recursos serão necessários.
Como escala de comparação, ainda que possa parecer demasiado técnico, o meu sistema tem um processador AMD Ryzen 5 5600X, uma NVIDIA RTX 3060 com 12GB de memória gráfica, e 16GB de memória RAM. Com a resolução acima mencionada e todas as opções no máximo, é possível conseguir bem mais do que 120 frames por segundo, estáveis ao longo de todo o jogo. Para jogos como A Thief’s End ou The Lost Legacy, que têm uma fidelidade gráfica incrível, é bom ver que conseguiram otimizar devidamente os dois títulos. Estando o vosso sistema acima ou abaixo deste, já conseguem ter uma ideia daquilo que vão conseguir obter.
Além disso, outras opções foram disponibilizadas, não como substituição daquilo já mencionado, mas como algo que pode ser usado em conjunto. Nomeadamente, a possibilidade de conseguir alcançar tudo isto mas numa resolução 4k, seja através de resolução nativa ou com recurso a tecnologia DLSS/FidelityFX, e ainda é suportado o uso de monitores ultra-wide.
Esta coleção, como já mencionado, tem dois títulos. O quarto jogo da saga principal, A Thief’s End, que encerra a história de Nathan Drake, e ainda The Lost Legacy, que junta Chloe Frazer, que marcou presença no segundo e terceiro títulos, a Nadine Ross, uma das vilãs do quarto título.
No que diz respeito à aventura de Drake, estamos perante o título com a narrativa mais bem construída. Acredito que isso também acontece por já terem existido três histórias anteriores que permitiram que as coisas chegassem ao ponto em que estão em A Thief’s End. Daí que seja com alguma pena minha que vejo a chegada de Drake ao PC a meio gás. Teria feito muito mais sentido lançar a saga completa, mesmo que apenas com ligeiras melhorias gráficas, do que apenas o último título.
The Lost Legacy vive melhor por si só, pois é a primeira vez que assumimos a pele de Chloe Frazer e acabamos por conhece-la nos primeiros capítulos desta história, e é possível assistir a um crescimento da personagem ao longo do jogo.
Tecnicamente, as coisas divergem ligeiramente. Enquanto que o jogo encabeçado por Drake está bastante fluído e sem grandes sobressaltos, havendo apenas uma visível quebra de frames nas sequências de vídeo quando o próximo conteúdo está a ser já carregado (algo que dura dois a três segundos, na pior das hipóteses). Em The Lost Legacy, deparei-me com um ou outro loading screen assim que uma sequência terminava, e em áreas mais populacionais sentia que a frame rate sofria uma quebra ocasional, sem grande impacto na performance, mas visível para quem está a controlar o jogo.
Isto talvez se deva pela quantidade acrescida de detalhe que existe neste título. Acho que ambos estão incríveis, mas tive a sensação que tentaram puxar ao máximo aquilo que era possível fazer a nível visual. Apesar de na consola, num ambiente mais fechado e fácil de controlar, não haver problema algum, na transição pode ter-se tornado mais complicado manter tudo estável. Ainda assim, isto verifica-se mais nos primeiros capítulos. Ao longo do jogo, seja em cenários mais pequenos ou algo megalómanos, a experiência manteve-se totalmente equiparada ao jogo anterior.
A juntar a tudo isto, há ainda mais um par de extras que podem chamar bastante a atenção a jogadores desta plataforma. Uma delas é o suporte a qualquer comando que dedicam usar. O destaque vai para o DualSense, por estar adaptado a ambos os jogos. Para quem tem periféricos da Razer ou da Logitech, pode receber feedback visual do jogo através da iluminação RGB, nos em modelos suportados.
Claro que a grande diferença aqui é a possibilidade em experienciar o jogo com comando e teclado. Apontar e acertar em cheio na cabeça dos inimigos nunca foi tão rigoroso. É bastante satisfatório saber exatamente a direção que queremos fazer pontaria e ver os inimigos não terem qualquer hipótese. Mesmo aqueles que se decidem esconder atrás de um qualquer obstáculo, ficam à mercê de um ângulo com que não estavam a contar e que agora faz toda a diferença quando a precisão é medida ao pixel. Claro que com o comando conseguimos também acertar em cheio, mas conseguimos aproveitar melhor as balas que temos sem existir tanto desperdício.
Mas seja com comando ou outro qualquer periférico da vossa preferência, se só agora vão pegar numa aventura de Uncharted, o meu conselho é que tentem pelo menos ver um resumo, ou até o gameplay completo, dos três jogos anteriores. São três histórias divertidas, cheias de alma e ação, e que vão favorecer bastante aquilo que aqui vão encontrar. Se as conseguirem jogar, melhor ainda.
Se por outro lado querem apenas matar saudades, acho que não há altura melhor do que agora. Têm direito a tudo aquilo que já havia, e muito mais, numa experiência coesa e elevada a novos patamares, por enquanto só possíveis de alcançar numa plataforma como o PC.
A experiência cinematográfica de excelência que esta saga merece.
Esta análise foi possível com o apoio da PlayStation!
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