No filme Pearl, realizado por Ti West, Mia Goth interpreta a personagem homónima elevando-a para o papel de personagem de culto. Pearl é a única filha de uma família de agricultores alemães isolados numa quinta. Com o pai em estado vegetativo devido à Gripe Espanhola, a mãe num estado crescente de paranóia em relação à doença, e a falta de dinheiro para sustentar a família, Pearl tem que cuidar da casa, dos animais e do pai, enquanto tenta realizar os seus sonhos de se tornar uma estrela de cinema.
Embora o filme comece com uma atmosfera intrigante e tensa, com Mia Goth a entregaruma performance forte e cativante, a narrativa acaba por se perder numa série de tramas secundárias e cenas desconexas, muito devido ao facto de Ti West tenta explorar uma diversidade interessante de temas – como a pressão das expectativas familiares, a busca pela identidade pessoal e a desconexão da realidade – mas temas esses que acabam por deixar muitas perguntas sem resposta e pontas soltas.
Ainda assim, existem alguns pormenores interessantes para quem segue a trilogia de Ti West. Pearl é uma prequela de X, com MaXXXine – a estrear em 2024 – a tão esperada conclusão.
No que diz respeito às performances em Pearl, a atuação de Mia Goth como a personagem principal é, sem dúvida, um dos pontos fortes do filme. Ela consegue transmitir a angústia e a frustração da personagem com uma intensidade convincente, o que ajuda a manter o interesse do espectador durante os momentos mais lentos da trama. No entanto, a atuação de David Corenswet como o pai de Pearl é, infelizmente, menos impressionante, principalmente porque passa a maior parte do filme em estado vegetativo e não tem muitas oportunidades de se destacar.
Quanto aos temas, Pearl tenta abordar muitas questões diferentes – desde a pressão para cumprir as expectativas familiares até a busca pela identidade pessoal -, mas acaba por deixar muitas dessas questões sem resposta ou sem exploração suficiente. Isso faz com que o filme pareça superficial em alguns momentos, pois não há tempo suficiente para o desenvolvimento adequado desses temas.
No que diz respeito à realização, Ti West consegue criar uma atmosfera tensa e opressiva desde o início do filme, graças ao uso eficaz da fotografia escura e da trilha sonora. No entanto, há momentos em que a narrativa se torna confusa, com cenas que não contribuem para o desenvolvimento da história ou para a compreensão dos personagens. Isso acaba por prejudicar o ritmo de Pearl e tornar a experiência do espectador menos envolvente do que poderia ser.
Pearl tem seus pontos fortes, incluindo a atuação de Mia Goth e a atmosfera tensa criada por Ti West. No entanto, a narrativa fragmentada e a falta de exploração adequada dos temas principais assim como de uma conclusão clara podem fazer com que a experiência do filme pareça incompleta e insatisfatória para alguns espectadores.
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