Desde 2009 que Attack on Titan tem sido uma das histórias mais populares e apaixonantes para os fãs de manga/anime. Passados 12 anos, esta história chegou ao fim deixando em todos os fãs, como eu, um sentimento agridoce. Se por um lado felizes por esta história ter sido criada e por, durante anos, termos seguido a história de Eren e dos Survey Corps, e por outro tristes por sabermos que nunca mais vamos ter novos capítulos.

Mas todas as histórias têm de ter um final e para o manga de Attack on Titan, este aconteceu 139 capítulos depois do seu começo e é deste capítulo que vou falar um pouco neste artigo.

A história de Attack on Titan que começou com a simples premissa de a Humanidade estar a lutar contra titãs pela sobrevivência evoluiu para uma mensagem bastante complexa de política, racismo, discriminação e guerra. Algo que para mim levou a história na direção que esta merecia ter tido desde o início, ao tratar de temas sociais e políticos complexos e utilizar os Eldrians e os seus poderes de titã como foco principal da sua relação com o resto do mundo.

E assim chegamos ao capítulo 138, onde Eren, aparentemente consumido pelo seu ódio pela humanidade teve de ser morto por Mikasa, a personagem que desde o início da história o tem sempre protegido, para o impedir de destruir toda a humanidade.

Mas, ao lermos o último capítulo é-nos demonstrado que, na verdade, o plano de Eren era este desde o início, tornar-se o vilão perante os olhares do resto do mundo, para que um grupo de Eldrians, que têm sido tratados como seres inferiores e merecedores de ódio e desprezo pelo resto das nações, se tornassem os heróis ao derrotá-lo.

O capítulo começa com Eren a falar com Armin no Path (local onde todas as mentes dos Eldrians estão ligadas) e a explicar-lhe todo o plano e o que eles têm de fazer após a sua morte. Esta cena é bastante emocional. Temos o ponto de vista de Armin que ainda está chateado com Eren por todo o sofriemento que causou ao seus amigos. Temos o lado de Eren que admite não querer morrer sem passar mais tempo com as pessoas que são especiais para si, mas esta foi a única forma que viu de salvar os Eldrians e o mundo da maldição de Ymir.

Depois disso, temos uma cena em que Mikasa encontra Armin no meio do campo de batalha, enquanto carrega a cabeça de Eren que acabou de matar. Os dois despedem-se de Eren, consolam-se um ao outro e decidem onde enterrar o amigo.

Vemos que todos os Eldrians, que tinham sido forçosamente transformados em titãs no capítulo anterior, voltarem a ser humanos (incluindo membros dos 9 titãs como Reiner, Annie, Pieck e Falco) e temos várias cenas emocionais (para mim as melhores cenas deste último capítulo), onde vemos Reiner e Annie finalmente a voltarem a abraçar as famílias. Temos Levi a ter uma visão de Hange, Erwin e dos restantes Survey Corps que morreram durante a história e Jean e Connie a terem uma visão de Sasha.

Estas cenas emocionais são interrompidas por soldados de Marley que estão prontos a disparar sobre os Eldrians, por não terem a certeza se estes se vão transformar em titãs ou não, até que Armin (como sempre a voz da razão) consegue resolver a situação.

Depois disto, 3 anos passam e ficamos a saber que Eren aniquilou 80% da humanidade e que Historia reconstruiu o exército em Paradis, preparada para a guerra que ainda pode acontecer contra os Eldrians por causa do que Ere fez. Por isso, Armin, Jean, Connie, Pieck, Annie e Reiner vão todos juntos, como um símbolo de harmonia entre os vários povos num barco até Paradis para tentar acabar com a guerra enquanto discutem o quão irónico é que duas fações que ainda há pouco tempo estavam tentar matar-se, agora estão a tentar atingir a mesma paz conjunta.

Na última cena do manga, vemos Mikasa, sentada na árvore onde a história começou com ela e Eren. Vemos a lápide de Eren e ela fala com ele como se a estivesse a ouvir. Fala de como está agradecida que ele tenha posto o cachecol à volta do seu pescoço e este cai quando Mikasa se levanta, mas um pássaro interrompe-a, pousa no seu ombro e volta a colocar o cachecol, tal como Eren tinha feito há anos atrás. O pássaro voa, enquanto Mikasa sorri percebendo que Eren ainda vive como um pássaro finalmente livre de todo o ódio, pressão e destruição que sofreu a vida toda.

É um final emotivo e que resolve todos os arcos que seguimos há anos. Eren foi capaz de acabar com os titãs (como prometeu desde o início), Mikasa teve de matar a pessoa que mais amava no mundo para salvar a humanidade, Armin é visto como o salvador da humanidade e todos os Eldrians estão livres da maldição de Ymir. E apesar de o autor mostrar que a guerra não acabou, pois o ódio entre nações é difícil de simplesmente extinguir, deixa-nos com uma mensagem de esperança com Armin e Connie a acreditarem que a paz pode ser atingida quando estes chegarem a Paradis e falarem com Historia.

Todo o simbolismo em redor dos vários painéis mais icónicos, como o símbolo de Eren como um pássaro a representar a sua liberdade (tal como de todos os Eldrians), a sua lápide ser colocada exatamente no sítio onde a história começa e onde ele teve a primeira visão de todo o resto da história e até do cachecol de Mikasa tornam o final ainda mais emotivo.

Por outro lado, o final peca por um pouco apressado, com a batalha final a focar-se demasiado em resolver várias pontas soltas em vez de entregar o nível a que estamos habituados em Attack on Titan, por não debater mais ao detalhe o tema do ódio racial/étnico, deixando-o para segundo plano comparado com o plano de Eren e por deixar no ar a dúvida: “Eren tinha mesmo que aniquilar 80% da Humanidade para atingir o seu plano?“, pois parece-me um pouco exagerado.

Pessoalmente, acho que foi um bom final, é difícil concluir uma história de 12 anos com tantas pontas soltas como viagens no tempo, poderes de titãs, tensões sociais e políticas e plot twists, mas consigo ver que com mais 5 ou 6 capítulos, os momentos finais pudessem ter sido um pouco melhor desenvolvidos.

Mas qualquer que seja a opinião em relação ao final, e há muitas obviamente, o que todos os fãs de Attack on Titan podem concordar é que a história vai para sempre ser considerado um marco em manga/anime e que as alegrias, tristezas e aprendizagens que deu vão ser o que vamos levar para sempre connosco.

Assim só tenho de me juntar às inúmeras vozes do Twitter e dizer #ThankyouHajimeIsayama por esta história que me apaixonou desde o momento que foi introduzido à mesma e que vou levar sempre comigo.