Violet Evergarden: O Filme
Publicado a 12 Jun, 2021

Depois de uma série emocional que seguiu Violet na sua jornada para descobrir o que é o amor e o que as palavras “Eu amo-te” significam, e de um primeiro filme que desviou um pouco deste registo, o estúdio Kyoto Animation decidiu terminar a história com Violet Evergarden: O Filme.

Depois de Violet Evergarden: Eternidade e de Auto Memory Doll, que se desviaram da história da série para se focar num novo trabalho de Violet, o novo filme regressa ao plot original, focando-se no seu trabalho como Doll a escrever cartas e na sua procura por Major Gilbert.

O filme começa no futuro com a morte da mãe da pequena Anne (A rapariga do 10º episódio da série) e da sua filha e neta a falarem sobre a sua vida. Neste processo, a sua neta descobre as cartas que Violet escreveu, e no meio de toda a emoção decide procurar a autora. Desta forma, o filme começa imediatamente com um tom bastante triste e relembrando o mais famoso episódio da série.

De seguida, o filme volta atrás no tempo, para os momentos logo a seguir à série e vemos o que se tem passado com os personagens. Os telefones estão a começar a tornar-se algo comum em todas as casas e uma torre de rádio está a ser construída mesma ao lado da casa dos correios. Todos sabem que é apenas uma questão de tempo até os correios, e especialmente as dolls, deixarem de ser necessárias para a sociedade. Claudia e Cattleya parecem ter aceite esta realidade e estão preparados para o futuro, enquanto Erica deixa a companhia para trabalhar como assistente de um escritor de peças de teatro (conseguiu isto com a ajuda de Violet) e Iris continua a tentar resistir ao crescimento da tecnologia e à ideia de perder o seu trabalho de sonho. Por outro lado, Violet continua focada no seu trabalho como Doll, enquanto continua com a esperança de voltar a ver Gilbert vivo, continuando a visitar a sua campa e o da sua mãe.

Durante um festival, e enquanto está sozinha nos correios, Violet recebe uma chamada para um trabalho urgente. Quando chega ao local combinado (o hospital da cidade), esta depara-se com Ulysse, um jovem rapaz que está a morrer de uma doença terminal não especificada e que lhe pede se ela pode escrever cartas para serem entregues aos seus pais, irmão mais novo e melhor amigo, após a sua morte. Apesar deste não ter dinheiro, Violet relembra o trabalho que fez para a mãe de Anne e aceita fazê-lo sem pagamento.

Apesar de esta não ser a principal história do filme, para mim é a história que melhor representa a mensagem de Violet Evergarden. Todos os momentos com Ulysse mostram o quanto Violet cresceu e aprendeu sobre emoções. Esta consegue com facilidade perceber Ulysse, a mensagem que está a tentar passar nas cartas, não só as palavras mas as emoções e a mensagem.

Durante este trabalho, que demora algum tempo, Violet tem alguns encontros com Dietfried (o irmão de Gilbert, que foi quem inicialmente a comprou para ser a protetora do irmão durante a guerra). Nestes encontros, é possível ver a mudança de tom de Dietfried perante Violet, mostrando preocupação com a mesma e aceitação pelas suas emoções, até tendo uma cena bastante emotiva com Violet no barco no qual passava férias com o irmão, onde ambos falam das suas memórias com Gilbert.

Mas é a meio do filme que a verdadeira história começa, Claudia, durante uma revisão dos artigos perdidos no correio, encontra uma carta extravasada e reconhece a letra de Gilbert. Este é o catalisador para o resto do filme que leva Violet e Claudia a irem para a ilha onde Gilbert está para falarem com ele e discutirem porque é que se tem mantido escondido todo este tempo.

Depois de chegaram à ilha e de descobrirem que o Major tem trabalhado na ilha como professor desde o fim da guerra, este diz a Claudia que não quer voltar para a sua anterior vida e que não quer voltar a falar ou a ver Violet. Em várias discussões que estes têm e em alguns flashbacks, descobre-se que esta decisão se deve ao facto de este ainda se culpar por ter usado Violet como uma arma durante a guerra. Gilbert acha que Violet precisa de estar longe de si para continuar a crescer como tem feito até ao momento e para isso está disposto a sacrificar o amor que sente por ela.

Violet inicialmente parece quebrar com esta decisão mas, novamente mostra o seu crescimento como personagem. Na noite logo após a rejeição de Gilbert, Violet e Claudia recebem um telegrama do hospital a dizer que Ulysse está a morrer e quer acabar de escrever a última carta. Perante isto, Violet, sem hesitar, decide que não precisa de falar com Gilbert,  já viu que ele está vivo e bem e é só isso que ela queria e está pronta para voltar à cidade e terminar o seu trabalho com Ulysse.

Infelizmente, estão demasiado longe e nunca iriam chegar a tempo. Assim, Violet liga a Iris para terminar o trabalho por si, enquanto seguem os acontecimentos por telegrama. Iris rapidamente corre para o hospital mas Ulysse não parece ter tempo para pensar e escrever a última carta para o seu melhor amigo, que não vê desde que chegou ao hospital. Para resolver este problema, Iris engole o seu orgulho e pede um telefone para Ulysse para que possa falar uma última vez com o seu amigo antes de morrer.

Este é na minha opinião um dos melhores momentos do filme, onde vemos a importância de dar a conhecer as nossas emoções às pessoas que amamos. Enquanto ouvimos a  conversa de Ulysse e ao mesmo tempo vemos Iris finalmente a aceitar o futuro e o fim da sua paixão. Ulysse morre e vemos a sua família a ler as cartas que este preparou.

No dia seguinte, Violet decide voltar para a cidade com Claudia e deixar Gilbert na ilha, apesar de toda a dor que esta decisão lhe está a causar. E na minha opinião o filme podia acabar assim, com Violet a crescer, levando para sempre consigo as memórias de Gilbert, mas não ficando presa às mesmas.

Mas, em vez disso, o filme decide tomar uma direção completamente diferente da mensagem que tem estado a tentar passar. Apresenta-nos com uma cena clássica de filme romântico onde, depois de uma conversa com o seu irmão, Gilbert decide correr para Violet que está a ir-se embora de barco, numa tentativa desesperada de mostrar que se arrepende de a mandar embora e que afinal quer ficar com ela. Violet salta do barco e nada para Gilbert e temos uma cena final, com ambos a partilharem um abraço na praia.

Não estou a tentar retirar toda a emoção desta cena, que é o culminar de toda a história de Violet. É uma cena tecnicamente perfeita, com a música, a animação e a reação atrapalhada de Violet ao se sentir sobrecarregada de emoções, não deixa ninguém indiferente. Mas, na minha opinião é como se o filme decidisse ignorar a mensagem de crescimento e evolução que tem estado a tentar passar, só para terminar com um grande momento romântico.

No final, voltamos a ver a história pelos olhos da neta de Anne que depois de visitar os correios (que agora são um museu gerido por uma velha Iris) e visitar a ilha onde Violet viveu o resto da sua vida com Gilbert, não tendo voltado a escrever cartas. Mesmo assim, a história de Violet tornou-se tão famosa para a ilha e para toda a comunidade que estes têm um selo em sua homenagem.

Em última análise, e mesmo tendo em conta a última cena com Violet e Gilbert, acho que o filme termina a história de Violet da melhor forma, com uma mensagem de crescimento pessoal. Positividade, emoção e de aceitação da passagem do tempo e mudança com que todos nos conseguimos identificar.

É um final bitter-sweet. onde Violet consegue o que sempre quis, voltar a estar com Gilbert, mas a companhia de correios que seguimos toda a série deixa de existir. Mais uma vez, prova como o Kyoto Animation é dos melhores estúdios de animação a entrega-nos mensagens marcantes, que ficam connosco muito mais além da história que vemos no ecrã.

Violet Evergarden: O Filme
Incrível
Criador:
Realizador:
Argumento:
Ano: 2020
Tipo: filme
Estúdio:
9
  • Positivo
  • Mensagem Forte e Marcante
  • Animação Excelente
  • Música Perfeita para cada cena
  • Regresso à história original
  • Negativo
  • Final previsível
  • Cena Final quebra a mensagem da história
Escrito por:
Diogo Gomes
Milenial com mestrado em Psicologia Clínica com especialização em Sexologia apaixonado por Artes, Videojogos e Tatuagens. Auto-intitulado Rogue que constantemente se perde na sua própria imaginação.