Free Guy: Um Herói Improvável
Publicado a 09 Set, 2021

Free Guy: Um Herói improvável, é o mais recente filme protagonizado e produzido por Ryan Reynolds (“Deadpool”, “Detetive Pikachu”), e realizado por Shawn Levy (“À Noite, no Museu”, “Stranger Things”).

Em Free Guy, Ryan Reynolds interpreta Guy, um NPC (Non-Playable Character) do Jogo Open-World, Free City. Free City, criado pela empresa Soonami, detida por Antwan (Taika Waititi) que usa o código-fonte, roubado de um outro jogo, Life Itself, originalmente criado por Millie (Jodie Cromer) e Keys (Joe Keery). Após se desviar da sua programação original e ganhar consciência, Guy ajuda Millie/MolotovGirl a descobrir o código-fonte do jogo original escondido dentro de Free City, para derrubar Antwan e reclamar os créditos devidos.

Com inspiração em filmes como “Ready Player One” e “The Truman Show”, Free Guy é um filme divertido, por vezes romântico e que aborda assuntos de relevo na sociedade atual, recorrendo a um elenco diversificado e um infindável número de Cameos e Easter Eggs. Originalmente produzido e distribuído pela Fox, Free Guy é agora distribuído pela 20th Century Studios, após a compra por parte da Disney. Por esse motivo, tem acesso a várias propriedades detidas pela Disney. Esta mudança no paradigma do estúdio é especialmente aparente no terceiro ato do filme, no qual se podem ver vários easter eggs alusivos ao universo Disney, desde Marvel a Star Wars.

Performances

No que diz respeito às performances, posso afirmar que este é a melhor performance de Ryan Reynolds nos últimos tempos. Ainda assim, o ator teve bastante dificuldade em se despir do personagem de Deadpool, especialmente no primeiro ato do filme, com o improviso e a piada fácil a não favorecerem o personagem. Felizmente, este estilo começa a desvanecer-se ao longo dos segundo e terceiro atos, fazendo com que Guy parecesse finalmente como um personagem independente, e não um retalho dos trabalhos prévios do ator.

O mesmo não se pode dizer de Taika Waititi, cujo personagem, Antwan, na minha opinião, se apresenta demasiado caricaturado. Esta característica fez com que não conseguisse levar a sério o que o personagem transmitia. Sempre que aparecia no ecrã, a sua interpretação perdia a graça e o próprio filme tornava-se difícil de ver.

Por outro lado, é de salientar as performances de Jodi Cromer como Millie/MolotovGirl e de Joe Keery como Keys. Ambos os atores conseguem trazer uma carga emocional e balancear um filme que de outra forma, facilmente cairia na paródia.

Mensagem

A mensagem principal do filme é a questão ética por detrás da inteligência artificial. Já imaginaram se um dia acordassem e descobrissem que um objeto ou um personagem criado por inteligência artificial, tinha emoções e consciência? No que é que isso iria alterar os vossos comportamentos para com os NPCs? E como isso iria alterar os vossos padrões de jogo? Todas estas questões levantadas pelo filme, são extremamente relevantes na discussão sobre os limites da Inteligência Artificial e Free Guy, dá-nos uma visão holística e humana sobre as mesmas. Uma outra questão que o filme aborda com algum detalhe, prende-se com a propriedade intelectual e com o roubo de conteúdos, sem dar o devido crédito aos criadores originais.

Em suma, Free Guy é um filme que apesar das falhas nas performances de alguns dos protagonistas, permite-nos escapar da realidade por uns momentos. Ao mesmo tempo que nos coloca questões pertinentes, deixando-nos a pensar se devemos mesmo testar os limites de algo que desconhecemos. Com uma boa fotografia e bons efeitos visuais, qualquer gamer assumido vai querer ver e tentar encontrar o maior número de Cameos/Easter Eggs que conseguir.

Free Guy: Um Herói Improvável
Satisfatório
Realizador:
Argumento: ,
Duração: 01H55M (115 min)
Distribuição: ,
Lançamento: 19 de Agosto de 2021
6.5
  • Positivo
  • As performances de Jodi Cromer e de Joe Keery
  • A mensagem global do filme
  • Negativo
  • Ryan Reynolds
  • Taika Waititi
  • Excesso de Easter Eggs e Cameos que saturam o filme
Escrito por:
João Ribeiro
Amante de Cinema e Cientista nas horas vagas. Sou um Cinéfilo assumido e, para mim, a Awards Season é a melhor altura do ano, logo a seguir ao Natal. A minha semana não pode terminar sem ver uns 3 ou 4 (ou 8, ou 9) filmes. Objetivo de Vida: Poder votar nos Óscares da Academia (ou, no mínimo, nos globos de Ouro portugueses).